quarta-feira, 16 de abril de 2014

A GREVE DA PM E A SEMANA SANTA

Frei Mário Sérgio

Os portugueses chegaram ao Brasil, pisando em terra firme, em plena Semana Santa. Era o dia 26 de abril de 1500, data da primeira missa celebrada na Terra da Santa Cruz. Era um domingo de páscoa. Hoje, passados 513 anos, a mesma Bahia que celebrou a primeira missa, corre o risco de não celebrar a Semana Santa por falta de segurança pública.

O Catecismo da Igreja Católica, sobre a greve, diz: “A greve é moralmente legítima quando se apresenta como um recurso inevitável, e mesmo necessário, em vista de um benefício proporcionado. Torna-se moralmente inaceitável quando é acompanhada de violências ou ainda quando se lhe atribuem objetivos não diretamente ligados às condições de trabalho ou contrários ao bem comum”. (CIC, §2435). 


Não coloco em questão a legitimidade da categoria ou não. Embora o Tribunal de Justiça da Bahia, segundo o site G1 (http://g1.globo.com/bahia/noticia/2014/04/tribunal-de-justica-decreta-ilegalidade-da-greve-da-pm-na-ba.html) decidiu pela ilegalidade da greve, o que me faz pensar é: escolher, exatamente, a Semana Santa para essa paralisação, num país tão amedrontado e violento como o nosso, numa Bahia insegura, mesmo com o policiamento ostensivo, é uma total insensibilidade com a fé do povo. 


A Bahia inteira amedrontada para viver a Semana mais esperada pelos cristãos. A Bahia católica está apreensiva. Nós, líderes religiosos, ficamos numa situação difícil. Por um lado, o desejo de celebrar com o povo os atos da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor; por outro, a insegurança e a vida colocada em risco das nossas ovelhas. Abrir nossas igrejas e viver a fé ou fechá-las por medo? Uma situação sem precedentes em mais de 500 anos de história da Igreja na Bahia. 


Quando a Polícia Militar pára, para pressionar o Estado, de que lado fica a opinião pública? É importante salientar os princípios: a greve não é um método democrático, mas uma exceção que a democracia implanta para a solução de conflitos trabalhistas quando não se chega a acordos democráticos. Se uma greve é motivada, politicamente, é imoral e irresponsável. Questão de ética! Aliás, palavra abolida do cenário político brasileiro! As greves baseadas e movidas pelas ideologias e pela tentativa de solução dos problemas sem contar com a sociedade nem com as instituições básicas (família, escola, empresários, religiões) se tornam uma porta aberta aos fascismos, como demonstra a história. Se não houver uma justificativa ética para uma greve, ela é inaceitável. 


Queremos uma Polícia que receba um salário justo, que seja bem equipada e tenha todos os direitos assegurados. Mas, queremos nosso direito de ir e vir e o direito à religião. Bahia sem Semana Santa? Nem pensar!!!


(Extraído da página do autor, no Facebook)

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