A repórter Malu Delgado traça em nove páginas da revista piauí (com
caixa baixa, de propósito …) o perfil de Aécio Neves, também conhecido
como Arrocho, aquele que vai tomar “as medidas impopulares” que estão na cabeça do Armínio Naufraga e do Príncipe da Privataria.
“O público e o privado – o dilema que acompanha Aécio Neves, o presidenciável tucano”.
É um bom título.
O “privado” do Aécio é um problema.
E a reportagem trata dele com minúcias inesperadas.
O
bon-vivant, “a leveza”, “a alegria”, o surfista, o mulherengo, o
mitômano – amigo de Ronaldo Nazario, Cicarelli, Miss Minas, Luciano Huck
– , o estudante medíocre e o administrador suspeito de fabricar um
“choque de gestão”.
Quanto ao “choque de gestão”, há um processo,
por exemplo, sobre a possibilidade de ter “desviado”, diz a revista, a
ninharia de R$ 4,3 bilhões da Saúde de Minas.
Como governador, ele e a irmã Andrea – seu Golbery, seu Goebels - exercem sobre a imprensa de Minas um controle de Medici.
Vários são os depoimentos de jornalistas perseguidos.
(A revista não menciona que o best seller “Privataria Tucana” nasceu de uma “encomenda” de Aécio ao “jornal” O Estado de Minas para enfrentar os dossiês do Cerra.)
(A
revista também não trata de Aécio fazer de Minas o que fez de Brasília,
quando parlamentar: uma escala de meio de semana, para preservar,
sempre, os fins de semana no Rio.)
O mais interessante da reportagem é o que ela não traz.
Não há uma única ideia, um único projeto, um único discurso, um único sonho a ser realizado como presidente.
Diz ele: “… se eu não ganhar as eleições, e pode ser que isso aconteça, vai ser muito bom para mim, do ponto de vista pessoal”.
É o “privado” do título.
Homem público não tem “privado”.
E,
por isso, Aécio tem a obrigação de se submeter a quantos testes forem
necessários, e testes públicos, para determinar se ele foi usuário de
cocaína – uma questão, sim, central em sua campanha.
E a revista trata da cocaína, como tratou Fernando Barros e Silva – diretor da piaui -, no “Roda Morta”.
Conta
a revista: “… em 2008, no jogo Brasil e Argentina, no Mineirão, Aécio
foi surpreendido por um canto inusitado da torcida: ‘Ô Maradona/ Vai se
f…/ O Aécio cheira mais do que você!”
Esse foi tema, também, de artigo na Folha de seu grande amigo, o Padim Pade Cerra, como lembra a revista:
“O debate sobre o consumo de cocaína no Brasil pode e deve ser uma pauta em 2014”.
(Assim como deve ser, ainda em 2014, a resposta à pergunta “de que vive o Cerra?”)
É
muito grave um candidato a Presidente da Republica que se recusa a
fazer o teste do bafômetro, dirige com carteira de motorista vencida – e
é suspeito, suspeito, sim, de consumir droga.
Aécio tem que
responder a essa dúvida, inequivocamente, cientificamente, publicamente:
além da maconha, o senhor já consumiu cocaína ?
E as ideias do Aécio presidente ?
Nada.
A reportagem indica que ele fala com o Armínio NauFraga pelo menos uma vez por dia.
Isso quer dizer muito.
Mas pode não dizer nada.
Aécio é uma folha de papel em branco.
Ali se pode escrever o que for preciso.
Porque Aécio não tem passado.
Tem mais folha-corrida – no Rio, bem entendido – do que currículo.
É um garotão alegre, leve.
Pode ser tudo.
E nada.
O primeiro presidente que vai viver no Rio, depois de inaugurada Brasília.
Porque, como diz a revista, ele acha a política muito chato.
Aliás, trata-se da mesma revista que mostrou o Príncipe da Privataria nu e cru.
Aécio é um perigo !
Ou um bom companheiro de noitadas no Cervantes, do Lido.
Tanto faz.
Paulo Henrique Amorim
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