domingo, 8 de junho de 2014

REPORTAGEM DA PIAUÍ MOSTRA O VAZIO QUE É A CABEÇA DE AÉCIO NEVES

A repórter Malu Delgado traça em nove páginas da revista piauí (com caixa baixa, de propósito …) o perfil de Aécio Neves, também conhecido como Arrocho, aquele que vai tomar “as medidas impopulares” que estão na cabeça do Armínio Naufraga e do Príncipe da Privataria.

“O público e o privado – o dilema que acompanha Aécio Neves, o presidenciável tucano”.

É um bom título.

O “privado” do Aécio é um problema.

E a reportagem trata dele com minúcias inesperadas.

O bon-vivant, “a leveza”, “a alegria”, o surfista, o mulherengo, o mitômano – amigo de Ronaldo Nazario, Cicarelli, Miss Minas, Luciano Huck – , o estudante medíocre e o administrador suspeito de fabricar um “choque de gestão”.

Quanto ao “choque de gestão”, há um processo, por exemplo, sobre a possibilidade de ter “desviado”, diz a revista, a ninharia de R$ 4,3 bilhões da Saúde de Minas.

Como governador, ele e a irmã Andrea – seu Golbery, seu Goebels -  exercem sobre a imprensa de Minas um controle de Medici.

Vários são os depoimentos de jornalistas perseguidos.

(A revista não menciona que o best seller “Privataria Tucana” nasceu de uma “encomenda” de Aécio ao “jornal” O Estado de Minas para enfrentar os dossiês do Cerra.)

(A revista também não trata de Aécio fazer de Minas o que fez de Brasília, quando parlamentar: uma escala de meio de semana, para preservar, sempre, os fins de semana no Rio.)

O mais interessante da reportagem é o que ela não traz.

Não há uma única ideia, um único projeto, um único discurso, um único sonho a ser realizado como presidente.

Diz ele: “… se eu não ganhar as eleições, e pode ser que isso aconteça, vai ser muito bom para mim, do ponto de vista pessoal”.

É o “privado” do título.

Homem público não tem “privado”.

E, por isso, Aécio tem a obrigação de se submeter a quantos testes forem necessários, e testes públicos, para determinar se ele foi usuário de cocaína – uma questão, sim, central em sua campanha.

E a revista trata da cocaína, como tratou Fernando Barros e Silva – diretor da piaui -, no “Roda Morta”.

Conta a revista: “… em 2008, no jogo Brasil e Argentina, no Mineirão, Aécio foi surpreendido por um canto inusitado da torcida: ‘Ô Maradona/ Vai se f…/ O Aécio cheira mais do que você!”

Esse foi tema, também, de artigo na Folha de seu grande amigo, o Padim Pade Cerra, como lembra a revista:

“O debate sobre o consumo de cocaína no Brasil pode e deve ser uma pauta em 2014”.

(Assim como deve ser, ainda em 2014, a resposta à pergunta “de que vive o Cerra?”)

É muito grave um candidato a Presidente da Republica que se recusa a fazer o teste do bafômetro, dirige com carteira de motorista vencida – e é suspeito, suspeito, sim, de consumir droga.

Aécio tem que responder a essa dúvida, inequivocamente, cientificamente, publicamente: além da maconha, o senhor já consumiu cocaína ?

E as ideias do Aécio presidente ?

Nada.

A reportagem indica que ele fala com o Armínio NauFraga pelo menos uma vez por dia.

Isso quer dizer muito.

Mas pode não dizer nada.

Aécio é uma folha de papel em branco.

Ali se pode escrever o que for preciso.

Porque Aécio não tem passado.

Tem mais folha-corrida – no Rio, bem entendido – do que currículo.

É um garotão alegre, leve.

Pode ser tudo.

E nada.

O primeiro presidente que vai viver no Rio, depois de inaugurada Brasília.

Porque, como diz a revista, ele acha a política muito chato.

Aliás, trata-se da mesma revista que mostrou o Príncipe da Privataria nu e cru.

Aécio é um perigo !

Ou um bom companheiro de noitadas no Cervantes, do Lido.

Tanto faz.

Paulo Henrique Amorim

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