sábado, 14 de junho de 2014

QUEM XINGOU DILMA


A abertura da Copa do Mundo teve cenas memoráveis e algo para esquecer: o xingamento, impublicável, direcionado à presidente Dilma Rousseff.

O negócio foi tão vergonhoso para o país que o site da BBC Brasil preferiu dizer que parte da torcida gritava “slogans” contra a presidente e à cúpula do futebol mundial no Itaquerão, em São Paulo.

As vaias sempre foram da política e não há político que diga que foi surpreendido por ela, a temida e temível.

Hoje, a Folha publica matéria que descreve quem foi que, de forma grosseira, mandou a presidente ir lá para o “monossílabo da cobra”.

Sim, eram os endinheirados de Sampa – e do Brasil, que ganham acima de dez salários mínimos. Receberam cortesias ou pagaram, no mínimo, R$ 1.000,00 para estar na ala “VIP” do estádio (muitos preferem “Arena”, o que vem a calhar nesses dias tão estranhos).

Baseando-se em números do Datafolha, o diário paulistano “justifica” que, na capital paulista, a presidente é aprovada por apenas 19% da população e este percentual cai para 11%, quando considera apenas os que recebem acima de dez salários mínimos.

Comentaristas (de política ou futebol – ou ambos) como Juca Kfouri, Josias de Souza e José Trajano classificaram o episódio de lamentável e típico de futebol de várzea.

Houve quem, no calor dos acontecimentos, tenha preferido surfar na estupidez.

O tucano Aécio Neves, que um dia foi vaiado no Mineirão em um Brasil x Argentina e comparado (em coro) a Maradona na arte deaspirar, está neste grupo. Disse que a presidente plantava o que colhia e ficou “sitiada” no Itaquerão. Foram estas as palavras do presidenciável:

- O que fica para a história é que nós tivemos depois de algumas décadas no mundo, uma Copa do Mundo onde o chefe de Estado não se vê em condições de se apresentar à população. Isso é reflexo do que está acontecendo no Brasil. Nós temos hoje uma presidente sitiada, uma presidente que só pode aparecer em eventos públicos protegida

Ficou feio para ele. Quase um dia depois, após a repercussão negativa e até opositores saírem em defesa da presidente, Aécio buscou se redimir. Disse o aspirante a presidente.

- Por mais compreensível que seja o sentimento dos brasileiros, acredito que a sua manifestação deve se dar no campo político, sem ultrapassar os limites do respeito pessoal. No que depender de mim, o debate eleitoral se dará de forma democrática e respeitosa.

Dizem que nunca é tarde para uma desculpa. Esta veio após o ex-governador mineiro sentir que os xingamentos/agressões acabaram por transformar o alvo em vítima.

E a vítima era não menos que a presidente da República, não por acaso a sua adversária nas urnas em outubro próximo. A vítima era, antes de tudo, uma mulher. E o palco dos xingamentos/agressões foi não uma arena, mas um estádio, onde, como lembrou Dilma Rousseff, estavam crianças e famílias. Mas estúpidos não escolhem local ou hora para os seus desatinos.

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