Geraldo Simões
Estamos a dois dias da Copa do Mundo e se sente a retomada de um clima de otimismo no Brasil, contrariando os prognósticos pessimistas e alarmistas criados pela mídia nos últimos meses, principalmente depois das manifestações do ano passado.
Em junho passado vimos manifestações espontâneas eclodirem em todo o País, reivindicando melhorias no transporte, saúde e educação. Manifestações que explodiram em solidariedade aos estudantes e à juventude paulista, que foi duramente reprimida pela polícia do Governo de São Paulo, e se alastraram por todo o território brasileiro. Nosso Governo Federal rapidamente se abriu ao diálogo e a Presidenta Dilma recebeu representantes do movimento contra o aumento das tarifas de transporte e pelo passe livre.
No entanto, setores da mídia e da oposição, junto com alguns setores radicalizados, pouco identificados politicamente, mas claramente adeptos da violência, passaram a hegemonizar, em pequenos grupos, as manifestações. As grandes massas progressivamente se afastaram das ruas deixando patente, de forma silenciosa, seu repúdio ao vandalismo. Inclusive existe um sentimento generalizado da população contra o acirramento da violência.
Tudo isto tem gerado um movimento esquizofrênico em nosso País. Por um lado temos um avanço considerável no período democrático mais estável de todos os tempos vividos pelo Brasil. É um desafio para qualquer pessoa, com o mínimo de consciência de nossa história, poder citar um período de vigência da democracia e estabilidade econômica mais longo e significativo como o vivido nos últimos tempos.
Temos muito a destacar, mas creio suficiente falar sobre o emprego que logramos nos últimos 10 anos. Hoje temos a grata notícia que, o mês de maio deve indicar a geração de mais de 100 mil empregos, ficando no mesmo nível que abril passado. Isto em um País onde se dizia, em governos passados, que o emprego de carteira assinada iria acabar.
O emprego não acabou e cresceu tanto nos últimos governos do PT, que os economistas mencionam que nossa economia sofre a maldição do capitalismo... O pleno emprego, fenômeno que eles analisam com consequências negativas, por gerar inflação, ocasionada pelo excesso do consumo dos trabalhadores; gerar pressões por maiores salários, por parte dos trabalhadores que querem melhoria de condições de vida e por provocar a diminuição de lucros dos empresários, desestimulando o investimento e reduzindo a perspectiva de crescimento do PIB.
Este raciocínio, em síntese seria: estamos mal, porque o emprego está bom demais. Temos que gerar desemprego para criar mais condições de lucro e ai sim, gerar mais crescimento da economia. Isto é um absurdo, apesar deste ser o discurso implícito que a oposição faz ao anunciar austeridade e necessidade de contenção do salário mínimo, entre outras coisas.
Como mencionou um conceituado colunista, “o governo favoreceu o acesso do povo a bens pessoais. Qualquer barraco de favela contém geladeira, TV, máquina de lavar e telefones celulares. Desonerou-se a “linha branca”, congestionaram-se as ruas de carros graças ao crédito facilitado”. (artigo de Frei Betto- FSP 10/06/20014). Posso adicionar também: o Governo atuou decisivamente no combate à extrema pobreza e à fome com o Bolsa Família, facilitou a aquisição de casas próprias como nunca, avançou em políticas sociais, facilitou o acesso da juventude às universidades e, por meio das políticas sociais, promoveu a inclusão.
Apesar de tudo de positivo que conquistamos, há algo errado. Fruto de uma campanha insidiosa da grande imprensa, alguns setores sociais têm se deixado influir por um sentimento pessimista. Os grandes meios de comunicação têm martelado diariamente a população com notícias de um pessimismo alarmante, inclusive por meio de vídeos e peças publicitárias feitas no exterior.
No entanto, a maioria esmagadora da população brasileira sabe reconhecer os avanços conquistados e não se deixará submeter pelo grasnar das aves agourentas.
Como sempre se diz, o brasileiro é teimosamente otimista. Sabe que temos muito que avançar. Mas isso não impede que ele reconheça os avanços conquistados e quem realmente defende seus interesses.
Geraldo Simões é deputado federal pelo PT (BA)
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