domingo, 11 de maio de 2014

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.

Adylson Machado

Feliz Dia das Mães 

Quando nos entendemos por gente o dia a ela destinado como homenagem não trazia ainda embutido o consumismo como razão e sim o reconhecimento por tudo que representava no seio da família e da sociedade.

Comemorava-se a sua existência, sua importância num tempo em que ainda não precisava tornar-se contribuinte da renda familiar, trabalhando fora, tampouco chefe de família como muito ocorre contemporaneamente.

Tempo em que a família toda se reunia em torno dela para dar-lhe o melhor dos presentes: amor, estima e reconhecimento. Tempo em que "o lar" configurava não somente espaço comum à família, mas o mais profundo sentido de unidade na mais importante célula social. Tempo em que o valor atribuído à família extrapolava a simples mecânica da criação dos filhos.

Fica em nós uma saudade. Especialmente por aquelas que não mais estão entre nós. Para todas, presentes e ausentes, nossa homenagem particular se expressa através de “Mamãe”, de Herivelton Martins e David Nasser, imortalizada por Ângela Maria em gravação de 1956, pela Copacabana e aqui em dupla com João Dias.

 

Ainda que ontem 

Não podemos precisar quando tal aconteceu. Mas não foi há 50 ou 40 anos. Mas veja o leitor o que representava o aparelho celular à época em termos de avanço. Os títulos falam tudo: o revolucionário “envio de texto” de um celular para outro; a possibilidade de “, 1 em cada 50 mil casas ter acesso a internet“, compactar uma música “para caber em três disquetes”.



Acontecendo

Piso salarial de professores sobe de 2.600 reais para 3.000 e o município abrirá concurso para admitir 3,5 novos professores. No município de São Paulo.
“São Paulo está tomando uma decisão importante de reajustar o piso do magistério. O salário inicial passa a ser, a partir do dia primeiro de maio, de R$ 3 mil por mês, que é um dos maiores do Brasil. Isso vai ter um rebatimento em toda carreira, que acaba sendo beneficiada. Após 25 anos de trabalho, por exemplo, uma professora estará recebendo em torno de R$ 8,8 mil. A carreira de São Paulo passa a ser uma das mais atraentes do Brasil”, disse o prefeito de São Paulo".

"O secretário da Educação, Cesar Callegari, também participou do anúncio e disse que o reajuste também foi expandido para todos do 'quadro da educação', incluindo gestores. No caso dos supervisores, o piso passa de R$ 4.460 para R$ 5.146, enquanto o dos diretores aumenta de R$ 4.188 para 4.832. Já para os coordenadores pedagógicos, o piso vai de R$ 3.692 para R$ 4.260.”

Ainda que não o ideal, a iniciativa do município de São Paulo contribui para a melhoria da autoestima da classe, mesmo que não reconhecida nos moldes como ocorre em outros países, onde a carreira na educação é a mais importante.

Claro que não estamos exigir que tudo ocorra de uma vez, de um salto, mas que os senhores candidatos ao governo do Bahia poderiam assumir, de público, o compromisso concretizado pelo prefeito Fernando Haddad.

Fundador da Telexfree é preso


Nos estados Unidos, o americano James Matthew Merrill (segundo da esquerda para direita na foto,) foi preso na sexta-feira 9.

A turma no Brasil - que insiste em não reconhecer a existência de pirâmide no negócio - deve preparar uma vaquinha para ajudar o companheiro estadunidense. Incluindo o Botafogo, patrocinado pelo esquema.



Zero à esquerda

Sem Dirceu, Genoíno e quejandos o ministro Joaquim Barbosa é um zero à esquerda. Um nada que somente existe quando viola princípios e regras jurídicas para saciar a sanha dos que o encontram na reação a Dirceu (principalmente) e a Genoíno, as expressões que configuraram a resistência ao regime autoritário e tiveram a iniciativa de integrar um grupo que criou um partido político que atua conforme o propósito (cunho social) quando exercita o poder.

Integrantes de um partido que mostrou ao país e ao mundo que – gostando ou não dele – comprova a competência da senzala diante da casa-grande.


Insanidade 

A decisão de Joaquim Barbosa pode levar muitos a imaginar que o é contra José Dirceu, ao negar-lhe o direito a trabalhar. E muitos estão a aplaudi-lo, por se integrarem ao clube dos que querem ver sangue e tragédia sobre petistas e PT.

Ocorre que milhares neste país (de 100 a 200 mil) estão na mesma situação de Dirceu, porque condenados ao semiaberto e, portanto, trabalhando fora da prisão.

A sanha insana de Barbosa desencadeará o inusitado de fazer com que decisões judiciais em cumprimento sejam desfeitas na esteira da ignomínia barboseana.

Caso o plenário do Supremo, em sendo provocado, não traga à normalidade o que ora é aberração.



Quem manda sou eu

Leitor da rede fez publicar interessante fato – assemelhado ao de José Dirceu: condenado por estupro e atentado violento ao pudor cumpria os 25 anos em regime fechado a que foi condenado. Alcançou a progressão para o semiaberto e buscou exercer o direito de trabalhar. Foi-lhe negado, em instância inferior pelo fato de ser autônomo, exercendo a atividade em lugares diversos, o que prejudicaria a fiscalização judiciária. Recorreu então ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu o benefício em decisão unânime do STF, onde presentes, dentre outros, Gilmar Mendes, Ayres Brito, Lewandowski.


Os fatos apresentam-se idênticos. Mas o estuprador está por aí exercendo sua atividade.
Diferentemente de Dirceu, perigoso petista.

Uma voz

Única voz vinculada a OAB a se manifestar, na rede, o ex-presidente da OAB-RJ, jurista renomado:


Por Wadih Damous, em seu Facebook.

"A decisão de Joaquim Barbosa em não permitir que Dirceu trabalhe fora do presídio é ilegal, esdrúxula e persecutória. Essa história de cumprir 1/6 da pena se exige quando se trata da progressão do regime fechado para o semi aberto. Dirceu tem direito ao regime semi aberto. O argumento de que trabalhar em escritório de advocacia é incompatível e configura “ação entre amigos” mostra que Barbosa tornou-se carcereiro. O que vemos é que quando se trata de José Dirceu a interpretação da lei é especial e só vale pra ele. Joaquim Barbosa é uma ameça séria e concreta à democracia e ao estado de direito".


Sherazade x Barbosa 

O que une apresentadora Sherazade, do televisivo da SBT, e o ministro Joaquim Barbosa, do STF, pode passar despercebido de muitos. Mas há em comum o fato de ambos desrespeitarem a lei. Um, investido da toga para promover violações; outra, incitando a violência.

De comum entre eles a paixão pela violência. Ambos estão em busca de um cadáver.


Entre a pesquisa e a realidade 

Para os analistas, inclusive vinculados a um dos institutos (Datafolha), a pesquisa semanal, que mais próxima está de apurar uma ‘eleição semanal’, não está servindo para nada. Ou seja, de nenhuma utilidade concreta. Isso porque o eleitor ainda não se ligou na eleição e parcela considerável (às vezes superior a 50%) não se decidiu em quem votar.
Para Marcos Coimbra, estão os institutos a falar para eles mesmos. Falam para o mesmo público.

Ainda que não admitíssemos o que está posto acima vem-nos a leitura diretamente do povo, a partir de uma única amostragem: uma pessoa do povo, respondendo ao que púnhamos a partir das pesquisas recentemente publicadas: viajo de coletivo na cidade, de ônibus entre cidades, converso com o povão. E não vejo outro candidato eleito que não Dilma.


Estratégias I 

A semanal divulgação de pesquisas de intenção de votos têm uma função: utilizar-se dos meios em que são divulgadas para constituir um pano de fundo negativo para o governo e a candidata à reeleição.

É da natureza do sistema. Desde que pesquisa deixou de ser retrato de um instante (comumente volúvel) para tornar-se instrumento de propaganda eleitoral.


Isso porque, basta olhar-se a forma como feitas – algumas induzindo respostas, inclusive – para verificar-se quão às escâncaras está o procedimento.

Estratégias II

Estranha a insistência em por na relação de nomes recomendados na estimulada o nome de quem não é candidato. No caso, Lula. Entra como Pilatos no Credo.

Ocorre – e faz parte da estratégia – vincular a imagem (positiva) de Lula a uma imagem negativa de Dilma, pondo-os em confronto interno, com vistas a dividir o eleitorado.

Partem da idéia de que reconhecendo o povo (incentivado para tal) que Lula é melhor e sendo Dilma a candidata ‘eu não voto nela”. Caso não queira votar na oposição “anulo meu voto”.

Estratégias III
Outro dado que não vem encontrando a devida avaliação: a pesquisa espontânea, aquela em que o entrevistado declina um nome sem que lhe seja apresentada a cartela de candidatos (estimulada).

Na espontânea Dilma + Lula + candidato do PT preenchem, com grande vantagem, o imaginário do eleitor.

Estratégias IV


A postura político-eleitoral dos institutos de pesquisa fica flagrante – no caso de inserir um nome que não é (e afirma peremptoriamente não sê-lo) – por incluir nome de ex-presidente vinculado ao um partido (PT) quando também tem outro ex-presidente (PSDB) que toda hora dá pitacos sobre a eleição e tem o sonho incontido de ser candidato.

Ou, quando nada, de influir no resultado.

Estratégias V

Na análise dos resultados sempre está realçado o avanço de candidato(s) da oposição e a queda da candidata à reeleição sem a devida análise do que tem representado um e outro fato para a decisão.

Estratégias VI

Ou não estamos lendo ou sonegam a informação, ou, ainda, não tem sido o entrevistado inquirido sobre o confronto no segundo turno, caso exista. Na realidade não são feitas as análises devidas em torno da circunstância. É assim que interessa chegar ao povo.

Isso porque há a ‘insistência’ em torno da possibilidade de haver segundo turno. Projetadas as avaliações sob o viés da realização ou não do segundo turno é afastada uma determinante em votos no primeiro turno: a certeza de que alguém vencerá no segundo pode levar a uma definição de voto no primeiro para aquele vencedor futuro.

Sob esse viés as pesquisas recentes evitam refletir sobre respostas em quem vota o eleitor no segundo turno.

Como posto nenhum candidato de oposição venceria Dilma no segundo. Se isso é verdadeiro cabe não afirmá-lo para que não venha a influenciar o voto do agora indeciso que pode se tornar definitivo (em primeiro e em segundo).

Afinal, quem escolheu (enquanto indeciso) votar no candidato que está à frente no segundo, confirmará o voto apenas.


Na jugular



A campanha de Eduardo Campos sentiu o ataque na jugular. Viu sua estratégia – de alinhamento às mesmas forças conservadoras que transitam com Aécio – naufragar quando a mídia mostrou que entre ele e o mineiro quem merece confiança é o de Minas.

A condição de arauto do arrocho – como Aécio – não fica bem no retrato do neo-conservador Eduardo Campos. Até porque – dirão os que nele não confiam – não é o discurso que faz o candidato, mas as práticas e compromissos de seu partido para com o que propaga.

Marina Silva percebeu. E reagiu. Sabe que os tucanos começaram a busca por financiamentos e aí não querem dividir recursos com Campos. E atacou Aécio.

Eduardo começou a perder a utilidade para a oposição à Dilma. Servirá apenas de contrapeso. Como Heloísa Helena, em 2006, e a própria Marina, em 2010.

Difícil entender

O PSDB exigiu CPI exclusivamente sobre a Petrobras, no Senado. Brigou por isso. A ponto de interpor mandado de segurança – e obter êxito – junto ao STF.

Agora diz que a CPI deve ser mista.

Fácil de entender: melhor a especulação do que a apuração da verdade.

Que alcançará petistas (alguns), tucanos (em quantidade que pode surpreender) e peemedebistas (na quantidade esperada). E muito mais gente.

Antiga paranóia 

Temos uma dúvida permanente: a urna eletrônica. Nela não confiamos, por falta de comprovação e de possibilidade de conferência. Ninguém usa a urna eletrônica brasileira, a não ser o Paraguai.

Qualquer candidato que não supere 5% pode sucumbir a uma armação.

Não engana 
Ninguém diga amanhã, caso eleito, que Aécio enganou o eleitor. Arrochará salários, entregará o pré-sal. Mas já antecipou.

Disparada

A disparada de Jair Rodrigues como cantor ocorreu no primeiro quartel dos anos 60, como “Deixe isso pra lá” (Alberto Paz-Édson Menezes) criando um furor pela forma (utilização das mãos) como interpretava o samba que antecipava o funk.

Consolidou-se para o público com o “Fino da Bossa”, na Record, comandando o programa ao lado de Elis Regina.

E definiu-se com “Disparada” (Théo de Barros-Geraldo Vandré) no Festival da Record, de 1966, dividindo com a “Banda” (Chico Buarque) defendida por Nara Leão.

Jair Rodrigues morreu esta semana. Reavivando lembranças. Disparando para alegrar o alto



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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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